Semanada >   H. Jackson Brown, Jr.
When you lose, don't lose the lesson

segunda-feira, abril 27, 2009

A gripe suína


A coisa é para levar a sério, sublinhe-se. Muito a sério. Mas nesta fase inicial da epidemia e ainda sem vacina, em que pelo menos os criadores de suínos – ou quem lida todos os dias com porcos – são os que terão mais probabilidades de contrair a gripe, podemos, contudo, dar um arzinho de graça, exercitando uns paralelismos que evidenciam alguma actualidade nas duplicidades de muita gente com poder. A meu ver, não será uma asneira temer o pior: uma devastadora epidemia e “O triunfo dos porcos”.


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Encaracolados…

Aprender línguas para ler os clássicos, equivale a estudar geografia para fazer colecção de selos
Pitigrilli



No dia 25 de Abril, para abreviar a comemoração, mantive-me em contacto com um amigo da situação, dado a desfiles. Logo que ele me informou do fim da manif, zarpei directo aos restauradores, estacionei o carro, e corri para a esplanada na rua das Portas de Santo Antão onde estava o grupo a comer caracóis, a beber imperiais e no corte sobre uns tipos do governo, aqueles que estão visivelmente em roda livre aproveitando a soltura da despesa. Preferi não fazer comentários, apenas ouvi-los, já que esta terrinha, tal como mundo, está perigosa.
Nos últimos anos adoptei a sugestão de um amigo que aparecia sempre no final das festarolas, das recepções e dos croquetes oficiais, apertando a mão a todos. Assim mostrava-se, separando o acessório do essencial, com absoluto pragmatismo. Foi por causa de exemplos como este e um cúmulo de desmesuradas contradições e mentiras que para mim o 25 de Abril, gradualmente, passou a ser o tempo de referência dos caracóis e das cervejolas, pouco mais do que um ritual.
Regressei a casa, depois do jantar, com as mesma certezas e as mesmas dúvidas.
No dia seguinte, para rematar, encontrei este post cómico e muito elucidativo do meu amigo Vasques sobre estas coisas das “tradições” e dos rituais políticos. Convém ler, porque é uma nota honesta que devia ser lida aos putos dos primeiros anos escolares, já que ele escreve com conhecimento de causa, sobretudo no antes 25 de Abril.
Os nostálgicos de um «Abril» que esteve quase a acontecer voltam a descer a Avenida; estão à espera que apareça uma nesga por onde regresse o passado. No Parlamento, onde se reúne, neste dia, a fina-flor do «Abril» que aconteceu, os discursos saltaram de gavetas empoeiradas; estão delidos de tanto uso. Há no ar um cheiro a compasso de espera; a tempo de vésperas. Para uns, quem espera desespera; para outros, quem espera sempre alcança. A ver vamos.
botlink Hoje há Conquilhas, amanhã não sabemos


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domingo, abril 26, 2009

Hipotecas e margens de lucro


Disseram-me que José Sócrates terá articulado um pensamento que deveria colher a nossa melhor atenção, considerando que foi preciso uma certa dose de coragem para dizer tal coisa:
A geração anterior hipotecou a minha geração e eu estou a fazer tudo para não hipotecar a próxima geração.
José Sócrates, Primeiro-Ministro de Portugal, no dia 25 de Abril de 2008
Claro que devemos dar o devido desconto, tendo em conta o contexto da coisa proferida, o que nos leva de imediato a pensar nos investimentos, particularmente os do Dr. Pinho, que não são noticiados.
Noutra perspectiva, extrapolando com uma pitada de mal-dizer, será legítimo deduzir que esta genuína confissão foi o aguardado pedido de desculpas ao Manuel Alegre?
Aguardo com curiosidade pela resposta dos representantes da geração anterior.


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sábado, abril 25, 2009

Viva a República das cascas de banana!

Nasce-se incendiário e acaba-se bombeiro
Pitigrilli parla di Pitigrilli
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A política é como o piano e a prostituição: é preciso começar de muito novo, caso contrário não se chega a nada
Rémy de Gourmont


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Onde é que eu estava no 24 de Abril de 74…

… pergunta a Sofia Loureiro dos Santos no texto em que lança o joguinho dos blogues que arrepiam.
1. A resposta mais objectiva pode ser esta: estava no quartel, em Mafra, na Companhia que foi ao encontro do pessoal das Caldas e, durante a noite de 25, rumou à Rua António Maria Cardoso, para as instalações Pide-DGS. Se não me engano, o tipo fotografado com um cravo na G3, era cabo de carreira, raramente tinha pegado numa arma e fazia serviço como cozinheiro da Companhia. Um tipo com piada.
2. Aqui fica o meu agradecimento a Eugénia de Vasconcellos, que considera este Vida das Coisas uma arrepio de blog que pinta. Assim, para prosseguir com este jogo, os prémios do júri reunido neste pacato espaço, vão para os seguintes blogues:

http://kropotkine.blogspot.com/ de José Manuel Fonseca (anarca constipado)
http://www.portugaldospequeninos.blogspot.com/ de João Gonçalves
http://agualisa6.blogs.sapo.pt/ de João Tunes
http://barbearialnt.blogspot.com/ de Luis Novaes Tito
http://riquita1303.blogspot.com/ de Cristina Vieira & Friends
http://hojehaconquilhas.blogs.sapo.pt/ de Tomás Vasques
http://www.quartarepublica.blogspot.com/ de JM Ferreira de Almeida
http://31daarmada.blogs.sapo.pt/ de Rodrigo Moita de Deus
http://www.100nada.net/ de Catarina Campos
http://www.samarcanda-strada.blogspot.com/ de Eugénia de Vasconcellos

Falando de calafrios, acrescento a minha t-shirt, uma piadinha.



botlink Matria-minha de Eugénia de Vasconcellos
botlink Defender o Quadrado de Sofia Loureiro dos Santos


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sexta-feira, abril 24, 2009

Ai este vinte cinco barra quatro…



Deixo afixada a minha interpretação visual que, calculo, merecerá alguns reparos de uns quantos amigos e conhecidos, via mail e sms. Amanhã, no próprio dia da efeméride, será servido o Zeca Afonso, que já está ao lume.


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Nós, os Europeus!



O senhor professor Vital Moreira entregou hoje as listas para a candidatura ao Parlamento Europeu. Na circunstância, ao que se pode ler no Sol online, afirmou as três principais políticas que defende:
> Apoio às redes transnacionais de transportes;
> A coesão territorial;
> Segurança das fronteiras externas da União;

Políticas, aliás, que só os destinatários muito esclarecidos podem alcançar a sua aplicação. Não sei se a coisa, por exemplo, inclui a terceira auto-estrada Lisboa/Porto… mas há um odor a TGV novinho em folha, incluindo carris e outros acessórios importados. Ou também se será legítimo intuir que há qualquer coisa de armamento na “Segurança das fronteiras externas”…
A generalidade da população, que vai ser chamada a votar, perante este quadro de políticas tão acessíveis ao comum do cidadão da terra, com o miolos num outro quadro de aflições, ficará precisamente na mesma – certamente a remastigar durante dois ou três minutos, mas passando para o jogo de futebol seguinte -, embora não sendo demais reafirmar a importância das três "orientações". É caso para dizer: “E quem não as defende?”.
E agora vou ali, que tenho mais para fazer, sem deixar de agradecer a escolha da mandatária Inês Ferreira Esteves de Medeiros e Almeida, apesar de me inclinar mais para a Juliette Binoche, falando de nós europeus.

botlink Biografia de Juliette Binoche
botlink Biografia de Inês Medeiros


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What A Wonderful World




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quinta-feira, abril 23, 2009

A vida das coisas…

Percorrendo o escaparate da Barbearia do Senhor Luís, a coluna da direita que se assemelha a um bazar, apareceu-me a maravilhosa irlandesa Sinéad O'Connor (Sinéad Marie Bernadette O'Connor) e veio-me à memória o prazer que tive em viajar para Toronto, por volta de 1990, ao lado desta senhora cantora, acompanhada por uns tipos engraçados de cabeça enfiada nos jogos de computador. O Nothing Compares 2 U estava na berra. Certamente que o Luís não se chateia se eu introduzir aqui a musiquinha, ressalvando que a versão do seu blog é melhor, muito melhor – é igual, mas é melhor.



Luís, não esperes muitas visitas encaminhadas pelo link que te faço. Tem em conta que este blog é muito sumido e irregular. Já agora, obrigado pela referência ao Vida das coisas num dos teus textos no blog do Público “Eleições 2009”. Nota ainda que o francês não é chique e que o nosso Napoleão Bonaparte é que está a dar - refiro-me ao "imperador" e não à Dra. Eduarda Napoleão, ex do Urbanismo, da lista do Exmo. Sr. Dr. Santana Lopes, que vai abrir a festarola de cravo na mão, no dia 25 de Abril. Tiro-lhe o chapéu. Estou ansioso por ver o alinhamento editorial nos diferentes telejornais.

botlink Blog do Público “Eleições 2009”


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Vasos comunicantes

Um sublinhado num post pertinente de João Tunes, no Água lisa.

Espero que os colegas jornalistas de Manuela Moura Guedes se indignem tanto com a queixa judicial desta contra Sócrates quanto o fizeram antes sobre os processos do primeiro-ministro contra jornalistas. Já me sentei.
botlink Água lisa


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quarta-feira, abril 22, 2009

Por aí?

Há uns dois anos, para tornar a coisa mais fiável, decidi que o meu voto seria divido em sete partes. Assim, tipo criançola no júri dum concurso, nos temas que me interessam, tenho vindo a preenche-las, imaginando as várias hipóteses de arbítrio, ora assestando a cruz num lado, ora não pondo simplesmente a cruzinha. Mais um jogo, em suma.
Depois de assistir a uma interessantíssima entrevista (e respectivos comentários), uma oportunidade para avaliar um compactado de temas políticos, portanto, também a possibilidade de colocar a cruz e perfazer mais uma das cinco partes que faltam para completar o meu voto no PS, digamos que não fiquei nada confiante em relação ao futuro, sabendo, porém, para minha enormíssima tormenta, neste "Cabo das Tormentas", que para o Exmo. PM, qual Vasco da Gama, tanto se lhe deu, como se lhe dá a minha insignificante opinião, sumida entre milhões de opiniões de outros insignificantes populares. E como suspeito das subtis inclinações do meu coração, que atraiçoam os meus miolos – como diria um amigo, que lá terá as suas suspeitas:” ele não parece, mas é de Esquerda” – para não coisificar a crítica, acho que por agora me fico com este poema lindíssimo de José Régio (1901-1969) – pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira – declamado pelo admirável João Villaret, que dá um certo alento nesta conjuntura de desânimo, manifestamente descontrolada.




Cântico negro

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se às coisas que pergunto em vão ninguém responde
Porque me me dizeis vós: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é quem me guia, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Não me peçam definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio, in Poemas de Deus e do Diabo, 1925

Nota: claro que seria disparatado sugerir uma remodelação à beira das urnas. Mas como este povo é singular, se calhar a coisa ainda descamba para uma segunda maioria absoluta. Tudo é possível.


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segunda-feira, abril 20, 2009

Absolutamente



Há três espécies de cérebros: os que compreendem as coisas por si próprios, os que as compreendem quando lhas ensinam e os que nem por si mesmos nem por ensinamentos doutrem compreendem nada, sendo a primeira espécie muito excelente, a segunda excelente e a terceira inútil.
Adap. de Maquiavel, in "O Princípe"


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Meteórico...



Hora: 15:35 GMT
Data: 17 APR 2009
Variação Valor: 0.350 €
Variação Percentagem: 11.67%
Última Cotação: 3.350 €
Máximo do dia: 3.350 €
Mínimo do dia: 3.000 €
Fecho Anterior: 3.000 €
Volume: 1 871 890
Abertura: 3.000 €
Máx. ano: 5.9400 € (07 MAY 2008)
Mín. ano: 2.1000 € (06 MAR 2009)



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“O ladrão já nasce feito”

Passo a transcrever um brevíssimo diálogo.

— Está-se sentindo bem?
— Sinto a consciência, caro senhor. A consciência é o mais cru dos chicotes... O povo precisa fazer anualmente o seu exame de consciência.
— Pelo menos, de quatro em quatro anos, no dia das eleições — eu arrisco de novo.
— Concordo. Sou pela discórdia. Concórdia e pântano são a mesma fonte de miasmas e de mortes.
— Agora mesmo, essa fome no Nordeste... — eu insinuo, desdobrando o jornal.
— Não nego as belezas do jejum, mas o céu fica tão longe, que um homem fraco pode cair na estrada, se não tiver alguma coisa no estômago.
O ancião curva-se para limpar a boca. Deve ter uns oitenta, penso.
— O jornal diz aqui que o povo está enviando comida para os flagelados.
— A comida não me preocupa. Virá de Boston ou de Nova Iorque um processo para que a gente se nutra com a simples respiração do ar.
— De qualquer modo o Governo simula acção, pressionado pela opinião pública.
— Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
— Mas os saques? O que o senhor pensa dos saques aos supermercados?
— Não é a ocasião que faz o ladrão; a ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito...
— Entendo. O senhor vota em que partido?
— Nenhum. Não me irrito, portanto, se me pagam mal um benefício. Antes cair das nuvens que de um terceiro andar.
— Já sei: o senhor, como muitos brasileiros, perdeu a fé.
— Não é bem assim. Tenho o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia.

Machado de Assis. Escritor, 1839/1908


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Cantilenas…

A honra é um vestido transparente
Anónimo

Antes que venham umas abertas e o sol nos aqueça os miolos, aqui fica uma musiquinha mafiosa, que é um mimo dos cantares populares lá para os lados da Calábria, uma cantilena a condizer com a ornamentação do nosso rectângulo à beira-mar instalado. Um primor… um primor.




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domingo, abril 12, 2009

Páscoa feliz

Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos precisem dela
Bjornstjerne Bjornson (1832-1910), escritor norueguês

Neste Domingo de Páscoa não ficará mal um sublinhado da entrevista de António Cluny à revista Tabu, do semanário Sol.

As coisas quebraram quando começaram a aparecer os primeiros processos mediáticos relacionados com dirigentes políticos e outros interesses mais complexos: em finais dos anos 80, princípios dos anos 90, com os processos do Fundo social Europeu, o caso do Ministério da Saúde, o caso de Macau, o sangue contaminado, etc. Foi a partir daí que o poder político começou a questionar a legitimidade do poder judicial. A lei era igual para todos, mas apenas para aqueles a quem ela podia ser aplicada.
António Cluny, em entrevista à revista Tabu, de 10 de Abril de 2009


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quinta-feira, abril 09, 2009

Lost in translation?



“En politique une absurdité n'est pas un obstacle.”
Napoléon Bonaparte

Além de ser um absurdo evocar razões patrióticas para justificar o apoio à candidatura de Durão Barroso – um tipo que, sejamos justos, é um bom exemplo de patriotismo, como teve oportunidade de demonstrar em várias ocasiões, entre muitas, pirar-se daqui patrioticamente –, é uma situação que faz arrepiar qualquer militante do Partido Socialista com três dedos de testa, alguma informação e alguma formação política. Até mesmo a alguns da “nova vaga (pseudo) moderna” ter-lhes-á corrido um arrepio pelo costado. Aliás, esta declaração de apoio (que, na verdade, já não espanta e tem a ver com uma certa atitude política - modernaça) vem na sequência da cúmplice e genuína interjeição do “Porreiro, pá!”, por certo a demonstração que se desenrolam dois filmes em simultâneo: um para os otários no bolso e outro para gente extraordinariamente esclarecida, com muito, mas mesmo muito pensamento estratégico e respectivos segredos partilhados com os deuses – como diria o Exmo. Sr. Dr. Jorge Coelho “É perfeitamente natural, qual é o problema?”.
Especulando, estou em crer que o Exmo. Sr. Eng. José Sócrates já está a trabalhar para a cadeira da Presidência da República, depois de Cavaco Silva. Se não for isso, só pode ter a ver com a suposta constituição de exército europeu, ou com o cerco à Coreia do Norte, ou com o Irão. Jerusalém e Palestina entrarão neste filme? Ou será a Internacional Socialista? Quem sabe, talvez por causa da prevalência do petróleo em relação às energias renováveis. Ou ainda, vá lá a gente adivinhar, resquícios do “Acordo das Lajes” e amigos comuns na Inteligência dos Estados Unidos. Bom… não consigo alcançar. Vitalino é Macau… Mais uma chinesice?
Então as “armas de destruição maciça” tão apregoadas pelo Exmo. Sr. Dr. Durão?
… não encaixa.
Professor Vital dê mais dicas. Haverá mãozinha do Exmo. Sr. Dr. Vitorino ou andará mais uma vez, por aí, um vento de Zédu.


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quarta-feira, abril 08, 2009

Recomenda-se



botlink  Revista Ler


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Indiferenças…



Este poema, a que se dá o título “Na primeira noite”, é atribuído a Maiakovski (1893-1930). Consta, porém, que o poema não é desse autor, poeta profundamente marxista, bolchevique e futurista, que se suicidou em 1930, no início do expurgo Estalinista, mas antes dum poeta brasileiro, e com o título “Despertar é preciso".
Não importa.
É um poema especial.
Foi-me enviado por mail por alguém muito especial. Aqui fica publicado.

Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim,
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho na nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E, porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.

Um outro, comparável, sobre a mesma temática, com o título “Primeiro Levaram os Negros” (?), de Bertold Brecht (1898-1956), também merece ser referido.

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


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A crise de carácter

“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política.”
Woody Allen

Hoje, numa escolha ao acaso na estante, dei por mim a ler uns artigos do Dr. José Eugénio Dias Ferreira (julgo que avô de Manuela Ferreira Leite…?), publicados no Diário de Lisboa, entre 1937 e 45. Surpreenderam-me por demonstrarem que nós não temos emenda. A coisa está entranhada no sangue e afecta os cérebros. As similitudes de atitude, ontem como hoje, são, por assim dizer, um padrão que define o destino de dois povos – os fortes e os fracos – que coexistem neste pequeno território, apetrechado com tudo para ser próspero, excepto, por enquanto, de petróleo, mas empapado fortemente por um rol de defeitos, em particular a ganância pacóvia, a estupidez, a inveja... e o desprezo pelo próximo, condimentado por uma dose substancial de sevícia.
Os artigos estão reunidos num livro que foi editado em 1945 e só poderá ser encontrado em alfarrabistas. Achei interessante o artigo com o título “A crise de carácter”. Publico aqui um destaque.

A crise económica, a crise política e a crise social são apenas reflexo da crise de carácter, como vergônteas oriundas da mesma raiz.
Se não há boa distribuição de riqueza, é porque a ganância dos fortes abafa a necessidade dos fracos; se não há confiança nos acòrdos, nem segurança nos auxílios, é porque desapareceu o respeito pela palavra comprometida ou fé jurada, se não há lealdade no convívio, nem consideração pelo semelhante, é porque não há dignidade nos intuitos nem seriedade nos processos.
Que importa um feito sublime, se a causa é ruim?
Que importa um fim nobre, se os meios são vis?
Que importa um saber profundo, se é impregnado de malignidade?
Que importa um alto posto num estabelecimento científico ou numa academia, se o brio anda apegado às solas e o cérebro subordinado ao abdómen?
Que importam os louvores ou os vitupérios, as edificações ou as criticas, as falas de mel ou as apóstrofes violentas, se vêm assoprados pela especulação?

Artigo “A crise de carácter”, do Dr. Dias Ferreira, publicado no Diário de Lisboa, em 26 de Janeiro de 1942.


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segunda-feira, abril 06, 2009

A lei do silêncio

“Não sei se o mundo já está plano,
mas está certamente a ficar cada vez mais plano”

Thomas Friedman



Passando de carro por Lisboa, não tive outra opção senão olhar para o Exmo. Senhor Professor Doutor Vital Moreira, em cada semáforo, em cada esquina, estampado em outdoors enormes, com a mensagem intrigante de “Nós, Europeus”.
Não creio que o Exmo. Professor Doutor consiga angariar mais votos para o Partido Socialista. Aliás, estou quase persuadido a admitir que a ideia é precisamente essa, sabendo de antemão que o cabeça de lista irá com certeza montar casa em Bruxelas, neste novo tempo de Obama, para dar uma mãozinha na nova Europa pós-bush ou pós-neocons.
Impressionado com os outdoors, de tão exagerados, por associação linear de pensamentos decidi praticar umas releituras em diagonal. Folhei o livro de Rui Perdigão, “O PCP visto por dentro e por fora”, da editora Fragmentos, de 1988; lembrei-me de Cândida Ventura e das fascinantes histórias que um amigo me foi contando sobre ela, julgo que a viver em Vila Franca de Xira; recordei o divertido José Pinhão - que me comprou uns quadros - ou o Chico da Cuf, que conheci na editora de um amigo. Na realidade, a mensagem “Nós, Europeus”, associada a Vital Moreira, introduziu-me num mundo de dúvidas e descrenças, por assim dizer, de propriedade niilista.
Também peguei em dois livros de Zita Seabra – “Foi Assim”, da editora Alêtheia, de 2007 e “O nome das Coisas – Reflexão em tempo de mudança”, das Publicações Europa-América, 1988. Reli os sublinhados.

É uma data incómoda sem qualquer dúvida para muitos daqueles que , mantendo-se fiéis ao socialismo, diferenciam entre a ideologia que defendem e os erros, distorções e desvios da sua aplicação prática.
Sublinhado no capítulo “Praga – 20 anos depois”, em "O nome das Coisas"
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Acaba de ser trazida a público a tragédia de Kuropaty. Perto de Minsk foi descoberto um lugar de execuções maciças.
Este lugar de morte funcionou todos os dias, de 1937 a Junho de 1941. São soviéticos mortos, fuzilados com uma bala soviética. (…)
Como em média cada túmulo contém 200 cadáveres, como até agora foram descobertas 510 valas comuns deste género, nós teremos o número de 120.000 vitimas (…).
Sublinhado no capítulo “Ainda o Passado”, em "O nome das Coisas"
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Para transformar a realidade é imprescindível começar por não a esconder. (…)
Só assim poderão identificar-se connosco os que aqui em Portugal, como por todo o mundo, sonham com uma sociedade em que os homens consigam libertar-se de todas as opressões e que dão a esse ideal o nome de socialismo.
Sublinhado no sub-capítulo “ Assumir o Passado”, em "O nome das Coisas"

Em suma: perplexidades metafísicas provocadas por um simples e paradoxal cartaz.
Estou a ficar velho!


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domingo, abril 05, 2009

Indiferença e simulacros



“O simulacro é verdadeiro”

Estava perto da Estação Central de Caminhos-de-ferro de Bolonha no dia 3 de Agosto de 1980, com uns amigos, local onde na véspera tinha rebentado uma bomba que matou 85 pessoas e feriu 200. Dos quatro "excursionistas", aquele com maior comprometimento e formação política, foi quem nos levou ao local, vedado pela Polícia, tentando transmitir - em vão? - a importância do acontecimento.
Ao que se sabe, do atentado não se conseguiu apurar os responsáveis, tendo o governo italiano apontado as Brigate Rosse e, mais tarde, um grupo neo-fascista.
O relógio continua parado na hora exacta da explosão.
Indiferentes – ou quase -, mirones depois da incursão, de seguida fomos despreocupados comprar sapatos perto da Estação, sem termos visto de facto a destruição provocada pelo o massacre terrorista.
Isto passou-se no final do século passado, mas creio que pode ter utilidade nos dias de hoje a releitura de Simulacros e simulação, de Jean Baudrillard, ed. Galilée. Quem sabe, ajudará a compreender alguns comportamentos de gente proeminente da nossa fragilizada sociedade.

Já não há cena, já nem sequer há ilusão mínima que faz com que os acontecimento possam adquirir força de realidade – já não há cena nem solidariedade mental ou política: que nos importa o Chile, o Biafra, os boat people, Bolonha ou a Polónia? Tudo isso vem aniquilar-se no ecrã da televisão. Estamos na era dos acontecimentos sem consequências (e das teorias sem consequências).
Jean Baudrillard, in Simulacros e simulação, ed. Galilée, 1981, ed. Relógio d’Água, 1991


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sábado, abril 04, 2009

Névoa no pântano?

Esta é fresquinha, de hoje, 4 de Abril, e está no quase blogue do João Soares que, timidamente, lá vai afirmando não resistir “a ir contra a corrente das "verdades" feitas e do politicamente correcto”, declaração que muito me delicia. O post – se assim se pode classificar – diz respeito ao senhor Domingos Névoa, com o título “Névoa”. Passo a transcrever, já que vale a leitura.
Acrescento, porém, que também considero a história muito, mas mesmo muito mal contada, apesar de não isentar o “Xôr” Domingos (que cumprimentei uma única vez) de culpas, tendo ficado espantado com a sua ingenuidade aquando da novela da tentativa de “corrupção”, considerando os milhões que movimenta nos seus negócios.

Mais que névoa em torno de Domingos Névoa. Um homem que conheço, e sei ser um homem de trabalho. Nada que ver com especuladores financeiros que por aí há. Não acredito na história da corrupção contada pelos manos Sá Fernandes. Há muitas curiosidades nesta quase unanimidade na condenação (antecipada, não há transito em julgado) de Névoa. Até o meu camarada banqueiro Cravinho vem à liça, depois do prefácio ao livro de um outro colega banqueiro. Sei que escrever isto só pode trazer chatices, calúnias, e o habitual rol de impropérios dos treinadores de bancada que por aí há. Mas quem não deve não teme. E eu nunca resisto a ir contra a corrente das "verdades" feitas e do politicamente correcto.
botlink Página pessoal (blogue?) de João Soares


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Ausência de valores ou falta de escrúpulos?

Admito: ando realmente baralhado com as notícias que salpicam o quotidiano; umas sobre a hipotética “campanha negra”, que se diz para aí ter como alvo o Exmo. Senhor Primeiro-Ministro ou, pior ainda, outras relativas ao grau efectivo de responsabilidade dos gestores da banca e dos financeiros, enfim, para não referir, não direi a falta de valores – o que seria cortesia a mais – mas antes a falta de escrúpulos patente na tomada de muitas decisões, tantas vezes traduzidas por raciocínios espantosos tornados públicos – entre alguns recentes, um em particular, que em 60 segundos foi esclarecedor sobre os desvios mentais do 25 de Abril, o estado actual do regime e do nível de debilidade do sistema, nesta “quinta” em que se tornou banal ter mentalidade de malfeitor.
A propósito da nossa condição de eleitores/contribuintes, meros figurantes/espectadores, recomendo a leitura do texto do admirável Vicente Jorge Silva, com o título “Simplesmente figurantes”, publicado nos blogues do semanário Sol. Sublinhei um excerto.

Esta perturbante interrogação pode afinal alargar-se a todo o universo financeiro e constituir a chave para explicar não apenas o insondável mistério da crise internacional, mas também os enredos enigmáticos em que se envolveram alguns bancos portugueses, como o BCP, o BPN ou o BPP.A vertigem da virtualidade financeira transportou o mundo para fora da realidade, para um «alegado filme» onde não existem actores mas apenas figurantes – e figurantes que nem sequer o são verdadeiramente. Daí a dificuldade em encontrar responsáveis que possam responder pelos seus actos, já que nenhum actor os praticou.
botlink Sol > blogues > Vicente Jorge Silva


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Isto não é pressão ?



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Samarcanda

Sinal da Morte

Desmanchado o corpo,
ao sol apodrece a carne.
E distantes dos olhos,
mas ao alcance do olhar,
os grandes pássaros
aguardam o sinal da morte:
as pálpebras cerradas.
Hei-de morrer de olhos abertos,
cheios de azul, e com sorriso
de despedida convidar as aves
para festejarem com meu coração.

Eugénia de Vasconcellos

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Mulher nua > Naked woman (4)

Mulher nua > Naked woman (4)
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Rui Perdigão ©
“Mulher nua”. Apontamento/esquiço. Grafite. (2009).
“Naked woman”. Notation/ rough sketch. Graffite. (2009).


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sexta-feira, abril 03, 2009

Consultar os astros em russo


Há muitos políticos que em segredo consultam regularmente especialistas em astrologia. Uns, por razões que só Deus conhece – tanto mais que o "Futuro a Deus pertence" – orientados pelos presságios dos especialistas, conseguem ter visibilidade durável e influenciar as decisões que tratam da nossa vidinha; outros, menos protegidos pelos deuses, mas seguindo também as previsões da astrologia, sem justificação plausível – excepto a estupidez – escorregam para buracos pantanosos, situações que, amiúde, lhes rebentam com a carreira. Outros ainda, esforçando as suas inconcebíveis interpretações pessoais sobre as premonições dos peritos em sinais dos astros, chegam a Ceo's de empresas de construção – desejo, aliás, que é a ambição mais amiudada no universo da política, para fim de carreira – isso, e ter um amigo empreiteiro como compagnon de route, precisamente para conferir credibilidade ao político.
Porém, os resultados das consultas astrológicas não devem, por norma, ser encarados pelo prisma da infalibilidade, mas antes como dicas orientadoras. Tome-se como exemplo o astrólogo russo, Pavel Globa, que em 2008 vaticinou que Hillary Clinton iria ganhar as eleições presidenciais e que seu mandato marcaria o fim dos Estados Unidos como potência mundial, sendo que, como todos confirmam, o prenúncio não bateu certo. O mesmo astrólogo, que continua, pelos vistos, a ser notícia, declara agora que “Barack Obama encontrará o mesmo destino que John F. Kennedy em dois anos” e adita prevendo que “quase todos os países estarão governados por mulheres em 2020”. Enfim…

botlinkPavel Globa > Notícia no Pravda


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Complacências

Vai para uns largos anos que andamos a condescender com muitos autarcas aplicando-lhes a legenda do tipo “rouba, mas faz”. Entretanto, os legendados foram acumulando fortunas colossais, tanto em géneros como em dinheiro. Todavia, admitamos, mau grado, na maior parte dos casos, ficamos pelo falatório, já que ninguém se quer embrulhar nos sarilhos que provocam denúncias de situações em concreto.
Em tempos, um amigo, tendo viajado de avião na companhia do Dr. Isaltino Morais, transmitiu-me que no final da viagem terá concluído que o autarca era um homem tranquilo. E disse-o sem esconder uma certa admiração, incompreensível para mim. Esse amigo, ainda hoje, continua a surpreender-me com os seus remates. Fosse eu seguir os seus conselhos…
Cabe, neste breve post, um sublinhado de uma notícia relacionada com o julgamento em curso.

Paula Nunes fala mesmo do vereador do PS Emanuel Martins,que lhe terá oferecido «uma perspectiva» de dinheiro para que falasse com «o advogado do Dr. Isaltino e perceber que tipo de respostas é que devia dar que fossem consentâneas e que cumprissem os objectivos dele no julgamento».
Sublinhado de notícia na TVI 24
botlink TVI 24


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Os retratos da Nova Ordem



A coisa, ao que parece, correu bem para os tais do Guê Twenty. Houve retratos no final. Muitos. Este, em epígrafe, está no Negócios online. O que estraga a fotografia, porém, é o tipo no fundo, um de tal multimilionário Berlusconi, que certamente terá dado uma mãozinha nesta catastrófica proliferação de "activos tóxicos". O outro, o tal de russo, também multimilionário, tem um ar simpático e não fica mal no retrato com o de tal Obama, apesar dos gazes russos serem fruto de conflitos.
Entretanto, com esta fartura de dólares para atestar as vereda do dinheiro, é de prever que os culpados da tragédia planetária já estejam a posicionar os irmãos, os primos, os serventuários, enfim, para terem gentinha de confiança à boca da manjedoura - e nós, o resto do mundo, aqueles que vamos pagar até ao tutano, continuarmos satisfeitos e embarrilados com esta desconforme impressão de papel que não vai chegar ao nosso bolso.

botlink Negócios online


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