Indiferenças…
Este poema, a que se dá o título “Na primeira noite”, é atribuído a Maiakovski (1893-1930). Consta, porém, que o poema não é desse autor, poeta profundamente marxista, bolchevique e futurista, que se suicidou em 1930, no início do expurgo Estalinista, mas antes dum poeta brasileiro, e com o título “Despertar é preciso".
Não importa.
É um poema especial.
Foi-me enviado por mail por alguém muito especial. Aqui fica publicado.
Na primeira noite, eles aproximam-se
e colhem uma flor do nosso jardim,
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem,
pisam as flores, matam o nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles,
entra sozinho na nossa casa,
rouba-nos a lua e,
conhecendo o nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E, porque não dissemos nada,
já não podemos dizer nada.
Um outro, comparável, sobre a mesma temática, com o título “Primeiro Levaram os Negros” (?), de Bertold Brecht (1898-1956), também merece ser referido.
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Etiquetas: Poesia e Artes
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