Semanada > H. Jackson Brown, Jr.
Eu cá...

... sou pelos contentores. Abomino as "vistas" e esses impulsos lamechas de dar às pessoas um pouco mais de qualidade de vida na cidade. Agradam-me os engarrafamentos, os estaleiros de obras, os buzinões, os tires e a poluição, as túneis mal calculados que fendem com a força das marés, o rio a abarrotar de navios em bicha de espera, agrada-me este poder do privado amigo em relação a um Estado porreirão. Agrada-me contribuir para a grande obscuridade, em que num jantar se decidem concursos, concessões e adjudicações, esta maneira estruturalmente desonesta de resolver as coisas à volta de um
Filet mignon e uns copos de tinto de reserva.
Agrada-me, pois, viver em Lisboa.
Cada vez mais.
Por isso é que habito em Oeiras.
Porém, creio que seria recomendável não desleixar o jogo que corre por detrás de tudo o que se vê. É que um destes dias o povo topa e ainda temos escândalo, salpicos e uns arguidos para animar manchetes.
Seja, pois... bardamerda.
Nem uma parede de contentores para os amigos sabem fazer como deve de ser! Actualizem-se.
Etiquetas: Câmara de Lisboa, Terminal contentores, Zona Ribeirinha
Estiva e tráfico de influências?
It is better to be silent, and be thought a fool, than to speak and remove all doubt.
Silvan Engel
Sempre ouvi os amigos poderosos dizerem que “o Porto de Lisboa é um País dentro do País“. Trengo, vou entendendo por pedaços o alcance da afirmativa. E, lento, também vou confirmando a extensão do tráfico de influências nesta malha das grandes negociatas.

Exagerámos, uma vez mais, nas nossas expectativas em relação à oportunidade de qualificar a zona ribeirinha. Mas a ter em conta esta primeira iniciativa, que até contempla túneis e tudo o que, desde sempre, vem na ementa - bastará escolher -, podemos deduzir o que se está a aprontar na penumbra dos gabinetes, por entre gargalhadas sarcásticas. E mais apreensivos devemos ficar depois de Miguel Júdice nos ter asseverado (enfim, acreditemos) que com ele na Frente Tejo “não haveria nada para comprar, nada para vender, nada para especular…”. Ao que parece, lá se foi a vista do rio numa longa faixa ribeirinha com interesse para o negócio político. Tal com
anota o Luís da Barbearia, "
...sei lá, aproveitar o espaço livre do Parque Eduardo VII para construir uma central térmica e outra nuclear.Privávamo-nos dos passarinhos mas ganhávamos um fartote de energia."
No fundo, para quê insistir na ingenuidade. Já devíamos saber o que é que a casa gasta. Eu, por mim, creia que me é indiferente olhar para contentores empilhados ou para os barquinhos à vela no rio. Habituei-me a não ser exigente. E como já me resignei a ser trapaceado, certamente que me agradará estar imobilizado nos engarrafamentos provocados pelas centenas de camiões com contentores que tem de entrar e sair da cidade com a carga que não pode estar mais de dois dias no terminal.
Porém, cidadão suavizado como eu, parece-me um gesto sem qualquer efeito prático assinar a petição que corre por aí, apesar de ser uma iniciativa meritória.
Barbearia do Senhor Luís
Etiquetas: Câmara de Lisboa, Obras Públicas, Zona Ribeirinha
Cooperação estratégica
Estávamos contentes. Não pela nova posição do Dr. Júdice enquanto distribuidor oficial das terras, especulações e concessões ribeirinhas, assim uma espécie de enzima de parcerias, ainda por cima com um escritório que deve representar, no mínimo, metade das gentes com dinheiro e crédito bancário no país, fundos estrangeiros, carteiras de títulos e etc.
Estávamos contentes mais pela hipótese de se conseguir finalmente revitalizar a orla ribeirinha - ou Zona Ribeirinha -, expectantes formiguinhas, como é óbvio, quanto a novas propostas urbanísticas, de ordenamento, paisagísticas, arquitectónicas, turísticas, comerciais, desportivas… e até mesmo de engenharias financeiras, uns powerpoints em English, suficientemente sedutores para atrair fundos e investidores estrangeiros, já que os nacionais só compram dinheiro para investir quando o Estado mete a cabeça no cepo ou quando têm fieis representantes em lugares de decisão política distintos obedientes quanto aos espaços em que devem depositar as assinaturas, vulgo minhocas.
Estávamos - e estamos - curiosos por ver como seriam apresentadas as fórmulas para ajuntar o limite de Lisboa ao limite da Oeiras, sendo que nos fabularam planos fascinantes, tais como, por exemplo, a “ilha da Cruz Quebrada” ou a recriação da zona oeste do Jamor, coisas que não estão desligadas da demolição do antigo hotel Estoril-Sol.
Entretanto, como é sabido, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República devolveu ao Excelentíssimo Senhor Dr. Silva Pereira o diploma que permitia transferir para a Câmara Municipal de Lisboa a tão apetecível Zona Ribeirinha. Diz-se que, na verdade, foi veto. Mas há quem o rejeite. De resto, o mais indicado, por enquanto,
deitar uma vista de olhos na notícia do semanário O Sol, e ficar sentado, e ver qual será o resultado da badalada cooperação estratégica, sendo que Sócrates, pelas suas próprias palavras, declarou que esta devolução à Câmara era a rectificação de um erro estratégico que se arrasta há muitos anos.
Bom… então seria um aeroporto em Alcochete, uma terceira ponte entre Algés e Trafaria, a edificação e ordenamento da zona ribeirinha, três projectos que nos deixariam basbaques. E sócrates bem poderia fazer o número que Cavaco Silva na ainda zona pantanosa da Expo 98, afirmando peremptóriamente, apontado para o o rio, “Aqui vai aparecer a Ponte Vasco da Gama”. E lá está…
Sol > notícia sobre veto de Cavaco Silva
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