Estiva e tráfico de influências?
It is better to be silent, and be thought a fool, than to speak and remove all doubt.
Silvan Engel
Sempre ouvi os amigos poderosos dizerem que “o Porto de Lisboa é um País dentro do País“. Trengo, vou entendendo por pedaços o alcance da afirmativa. E, lento, também vou confirmando a extensão do tráfico de influências nesta malha das grandes negociatas.
Exagerámos, uma vez mais, nas nossas expectativas em relação à oportunidade de qualificar a zona ribeirinha. Mas a ter em conta esta primeira iniciativa, que até contempla túneis e tudo o que, desde sempre, vem na ementa - bastará escolher -, podemos deduzir o que se está a aprontar na penumbra dos gabinetes, por entre gargalhadas sarcásticas. E mais apreensivos devemos ficar depois de Miguel Júdice nos ter asseverado (enfim, acreditemos) que com ele na Frente Tejo “não haveria nada para comprar, nada para vender, nada para especular…”. Ao que parece, lá se foi a vista do rio numa longa faixa ribeirinha com interesse para o negócio político. Tal com anota o Luís da Barbearia, "...sei lá, aproveitar o espaço livre do Parque Eduardo VII para construir uma central térmica e outra nuclear.
Privávamo-nos dos passarinhos mas ganhávamos um fartote de energia."
No fundo, para quê insistir na ingenuidade. Já devíamos saber o que é que a casa gasta. Eu, por mim, creia que me é indiferente olhar para contentores empilhados ou para os barquinhos à vela no rio. Habituei-me a não ser exigente. E como já me resignei a ser trapaceado, certamente que me agradará estar imobilizado nos engarrafamentos provocados pelas centenas de camiões com contentores que tem de entrar e sair da cidade com a carga que não pode estar mais de dois dias no terminal.
Porém, cidadão suavizado como eu, parece-me um gesto sem qualquer efeito prático assinar a petição que corre por aí, apesar de ser uma iniciativa meritória.
Barbearia do Senhor Luís
Etiquetas: Câmara de Lisboa, Obras Públicas, Zona Ribeirinha
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