Coisa dois
Rui Perdigão, "Coisa dois", técnica mista (Novembro 2008) 

Etiquetas: Artes Pintura, Perdigao Art
Eu cá...

... sou pelos contentores. Abomino as "vistas" e esses impulsos lamechas de dar às pessoas um pouco mais de qualidade de vida na cidade. Agradam-me os engarrafamentos, os estaleiros de obras, os buzinões, os tires e a poluição, as túneis mal calculados que fendem com a força das marés, o rio a abarrotar de navios em bicha de espera, agrada-me este poder do privado amigo em relação a um Estado porreirão. Agrada-me contribuir para a grande obscuridade, em que num jantar se decidem concursos, concessões e adjudicações, esta maneira estruturalmente desonesta de resolver as coisas à volta de um
Filet mignon e uns copos de tinto de reserva.
Agrada-me, pois, viver em Lisboa.
Cada vez mais.
Por isso é que habito em Oeiras.
Porém, creio que seria recomendável não desleixar o jogo que corre por detrás de tudo o que se vê. É que um destes dias o povo topa e ainda temos escândalo, salpicos e uns arguidos para animar manchetes.
Seja, pois... bardamerda.
Nem uma parede de contentores para os amigos sabem fazer como deve de ser! Actualizem-se.
Etiquetas: Câmara de Lisboa, Terminal contentores, Zona Ribeirinha
Digestões à MEC
Porque é que se tornou judeu?
Muitas leituras. Eu era agnóstico. A partir de 93 comecei a ler sobre religião e encontrei o judaísmo. É uma religião baseada no comportamento e não na fé. Tens de fazer o bem e és perdoado pelas outras pessoas, não por Deus.
É indisciplinado?
É muito difícil ser um bom judeu, são tantas as regras que é quase impossível. Mas a relação é de cada um com Deus. Era uma lacuna na minha vida.
Miguel Esteves Cardoso, em entrevista na Revista Visão

«
A vida come-se quando é boa; come-nos quando é má. E às vezes, quando menos esperamos, também comemos com ela.Em Portugal, antes de todas as coisas, está o tempo. Este tempo. Este que ninguém nos pode tirar e a que os povos com tempos piores chamam, à falta de melhor, clima.»
Assírio & Alvim
Etiquetas: Miguel Esteves Cardoso
Do operariado e das urbanidades?

Apesar de deixar transparecer uma dose de acrimónia, não deixa de ser um bom texto, o do
Tomás, com o título "
Porto de Lisboa. Nostalgia. Obreirismo", no
Conquilhas, que "
com 18 anos, de fato-macaco, palmilhava a zona, à hora de almoço, à procura da refeição mais barata".
Haveria muito que dizer sobre as exigências das cidades de hoje, incrivelmente diferentes na escala de há 40 anos. Cresceram. Expandiram-se. Surgiram novos vícios e outras realidades. Instalaram-se novas actividades que imprimiram novas dinâmicas quotidianas. Outras fainas tornaram-se contraproducentes nas zonas nobres da malha urbana. Por isso, as opções políticas deviam ser mais ponderadas, mais fundamentadas, enfim, mais prospectivas. Os impactos e as vistas hoje fazem parte de um mosaico de parâmetros de qualidade na vida da cidade. E no caso falamos de uma gigantesca estrutura plantada praticamente a meio da margem ribeirinha.
Todavia, há desabafos nostálgicos que são claramente saudáveis, mesmo que se reportem a tempos difíceis no fio da vida, que nos ajudam a compreender a realidade de hoje, para a resolvermos melhor.
E os sacos eram alombados por homens de trabalho. O porto – o Porto de Lisboa – como diziam as placas em letras negras em fundo branco, era (e é, ainda) o modo de vida de milhares de pessoas. Era um tempo em que eu, com 18 anos, de fato-macaco, palmilhava a zona, à hora de almoço, à procura da refeição mais barata. E por lá nunca encontrei as outras «pessoas», aquelas que , hoje, não querem que os contentores lhes ofusquem as vistas.
Excerto de nota de Tomás Vasques, no blogue Hoje há Conquilhas
Hoje há Conquilhas
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