Começar a acabar
Adeus(...)
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de AndradeEtiquetas: Momentos de Poesia
Momento de poesia
Poema de
José Agostinho BaptistaComovem-meComovem-me ainda os dias que se levantam
no deserto das nossas vidas.
Dos belos palácios da saudade
não resta a impressão dos dedos nas colunas
fendidas, e nada cresce nos pátios.
Muito além, depois das casas, o último
marinheiro continua sentado.
Os seus cabelos são brancos, pouco a pouco.
Aqui, tudo se resume a algumas tâmaras que
secaram ao sol,
longe do orvalho,
das fontes que pareciam nascer de um olhar
turvo sobre a sede da terra.
Comovem-me ainda as palavras que dizias
aos meus ouvidos aprisionados pela música.
Comovem-me as cadeiras vazias, no pátio.
Lembro-me sempre de ti.
In Esta voz é quase o vento. Assírio & Alvim. 2004
Página de José Agostinho Baptista
Editora Assírio & AlvimEtiquetas: Momentos de Poesia