A cereja e o bolo?
Multiplica-se por aí a ideia de que a única forma de governar o País é fazê-lo com um governo de bloco central. Quem o promove, não sei se pretende que o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista angariem mais votos, ou se deseja colocar o CDS em condições de viabilizar um governo que governe, seja com o PS ou com o PSD. Também pode ter em mente aumentar bastante a abstenção. Para dar forma ao cenário, sustenta-se apenas um resultado, um valor tangencial entre o PS e o PSD, o que não dá margem de decisão aos eleitores dos dois partidos, colocando a escolha na mudança de primeiro-ministro, apenas.
Um governo de bloco central será, na realidade, dar razão a Ferreira Leite quando, por graça, sugeriu suspender a Democracia. Porém, com a ideia que já faz eco, o embargo não seria de seis meses, mas durante quatro anos – o que, vendo bem as coisas, até teria o seu lado positivo, forçando os portugueses enquadrados no espaço do bloco central a perceberem o que é isso do voto inútil e de como se consegue mascarar a Democracia com qualquer coisa próxima de uma ditadura suave.
A ideia torna-se ainda mais interessante (ou perversa) quando o jogo assenta nesta conjectura de Martim Avillez, que sublinhei:
As próximas semanas serão de clarificação, e os debates também: mas fica evidente o essencial – um governo de bloco central, no campo das grandes ideias políticas, é absolutamente possível. E disso falava Deus Pinheiro. Sócrates e Ferreira Leite já deixaram claro que nunca governarão juntos. O que permite uma conclusão (se é que conclusões são possíveis): o primeiro-ministro será, dos dois, aquele que mais votos receber. O outro demite-se. E o governo, impulsionado por Cavaco, será PS e PSD.+ Editorial > Bloco central
Jornal i, Martim Avillez Figueiredo, em 28 de Agosto de 2009
Etiquetas: Bloco Central
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