A solução engendra outro buraco
Passaram quase sete anos desde que batemos com a mão no peito e admitimos que havia um buraco imenso, um poço tapado com um embuste nas rubricas, iludidos que foram os pacotes da despesas com os de investimento e vice-versa, entre outros endrominados expedientes para ir aguentando impolutos o regime e o sistema, entre diferentes vacas, as gordas e as magras, como que um estroinar de putos, ao desenvolvimento e ao crescimento, imitando a gente crescida que sabe de Estado e que sabe de Mercado.Quando o buraco foi desvendado ao público, o pobre do contribuinte sabia o que isso queria dizer e quem iria corrigir os intrujices financeiras sistematizadas à boa maneira portuguesa. Sem se conseguir separar os gémeos, separando as culpas, se do da direita se do outro da esquerda, se da coisa pública ou se da coisa privada, lá se foi em rumor culpando o que ontem foi útil, mas hoje embaraçoso, com a conivência das elites - e vejam-se que elites… - e dos utentes sistemáticos das gamelas. Ainda hoje, apesar do coitado do Estado estar a ser o mau da fita - o que é conveniente, porque assim, sentindo-se culpados, os contribuintes pagam sem agitações incómodas - não conseguimos enxergar de modo claro se a responsabilidade recai sobre o patamar decisor do Estado se nos centros de decisão civis. Termos admitido que Portugal era o país do buraco - tal como a Rússia, o país/cesto sem fundo, insisto - também conseguiremos hoje, olhando para o tipo de “reformas” e para os balcões intermediários do Estado, quem foi e quem é ainda hoje o pessoal do défice que, se for verificado com alguma atenção, notaremos que apenas mudaram de lugar, mas mantém-se no circuito do dinheiro. Ora, não afastando os veteranos especialistas em distribuir o nosso dinheiro pelas capelinhas do projecto e da obra, não tenhamos qualquer dúvida que apenas estamos outra vez afazer jogos com os envelopes e com as gaveta. E o esforço na carteira do colectivo valerá zero, porque as taxas escorregarão todas para novas sangrias, mascaradas com outras seriedades, que justificarão, também as novas argumentações, a necessidade de comprar dinheiro barato lá fora para alcançarmos um crescimento satisfatório na contabilidade europeia que, tal como o anterior, não terá efeitos no bem-estar da vida do cidadão comum português - bem pelo contrário. E aí sim, daqui a uns sete ou oito anos, é que sofreremos os choques todos de uma assentada, atestaremos também o nível da nossa impotência democrática e o grau de manipulação a que estamos sujeitos quando se trata sobretudo de dinheiro e de negócios.
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