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When you lose, don't lose the lesson

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

O calcanhar…


Cartaz de 1975 ou 1976

... do “PS de Sócrates”. Uma nota sucinta, na minha opinião, bem articulada, a que cheguei no blog da Revista Atlântico, da autoria de Henrique Raposo, por via do blog Da Literatura.
Recortei este excerto: «As primárias do PS têm sido desprezadas na análise política, parece-me. Convinha recuperarmos a coisa. Foi ali que um jovem bem-parecido (mas sem ideologia clara) derrotou a velha guarda socialista. Num confronto directo explícito (e não nos bastidores implícitos de um congresso), os socialistas negaram o velho PS. Ao escolher Sócrates, os socialistas não sabem ao certo qual será o caminho. Só sabem que nada querem com o velho PS. Não sei para onde vou, só sei que não vou por aí.

Depois, parece-me que o João é demasiado cândido em relação ao episódio Soares na Presidência. Sócrates é o principal beneficiado com a humilhação de Soares.»
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Cartaz de 1975 ou 1976

Não obstante: é… a coisa arrasta-se vai para uns largos anos. Digamos que pode ser situada no Secretariado, ao tempo da Frente Republicana e Socialista, focada nos apoiantes das candidaturas do General Ramalho Eanes, mais ou menos na altura em que Frank Carlluci subiu pela primeira vez a escadaria do Largo do Rato. No palco actual é legítimo perguntar quantos fundadores do PS ainda se encontram no activo político. Dos que têm espaço e auditório, interrogamo-nos, por vezes, sobre o que pretendem no exercício da Política, se cumprem com a regra elementar de enquadramento das hostes ou se não passam de vozes incómodas e empertigadas a soprarem motivos que despertam o mal-estar das consciências do militante de base.
Acontece, porém, que será difícil definir os limites do “velho” PS - suponho que a referência se dirige ao PS ideológico, aquele que gritou, convicto, “Partido Socialista, Partido Marxista” ou ao outro, apenas de inspiração marxista ou a uma certa "esquerda democrática" ( de que alguns também terão passado pelos calabouços antes de 74), timidamente social-democrata em tempos de revolução. Também ele, o “velho“, creio que evoluiu com as mudanças que se têm vindo a realizar no Mundo. Portanto, não será uma tarefa facilitada circunscrevê-lo para o eliminar, caso seja essa a ideia, já que há nova informação acumulada, que permite abordar as questões com actualidade.
Faz crédito a reflexão actual do “não sei para onde vou, só sei que não vou por aí”. Tendo em conta a inteligência individual, importará sublinhar que o vazio gerado pelo António Guterres (vazio, aliás, involuntário, sendo que também ele, suponho, foi vítima das congeminações do “novo” e do “velho“ PS, que lhe transmitiu os votos em Congresso), um hiato que não será preenchido sem uma mudança radical na população de base que sustenta a multiplicação da opinião partidária e garante a fatia substancial do voto socialista, na sua maior parte sem formação política, mas com uma ideia formada do que pode representar ter poder - esta a razão pela qual José Sócrates chegou a primeiro-ministro, já que tinha os indicadores para compreender bem as bases que o sustentam.
O PS, tal como o PSD, movem-se, pois, com os instrumentos facultados por uma cultura enraizada no poder, não estando, portanto, habituados a perder, mas aceitando a alternância como factor de sustentabilidade do sistema e do modelo de democracia que engendraram.
O que está bem patente é o facto do PS e do PSD serem inseparáveis desde o momento em que falhou o projecto do SPD, de Willy Brandt, do SSU protestante de Olof Palme e do Labour Party, plano esse que tinha em vista a constituição de um grande partido social-democrata, com o apoio da UGT do Partido Socialista Operário Espanhol, de Filipe Gonzalez, todos representados devidamente aqui, nesta santa terrinha, pelas respectivas fundações. Na altura, Sá-Carneiro anulou essa possibilidade partidária abrangente, puxando a si a social-democracia, mas ficando de fora da Internacional Socialista, a instituição crucial para toda a estratégia lusitana e no contexto ibérico.
Tal como a população que faz a crosta ao Partido Comunista Português vota, sem hesitação, no PSD, é muito provável que o “velho” PS disperse o seu voto pelo BE, pensando que o “novo” Partido Socialista é fantasticamente “progressista”, um chavão que engole quem quiser engolir, mas que serve tão somente para dificultar o discurso do BE e travar este desiquilibrio para a direita, um território que, por enquanto, convém manter em seca para uma depuração de grupos centrais.
Conquanto não tenha encontrado um discurso com causas que não sejam eco das do “novo” PS, este embaraçado com a necessidade de demonstrar ser “progressista”, para não ser muito empurrado para o discurso de “mercado” exclusivamente tecnocrático, creio que nas próximas eleições o PSD terá de recorrer a eupépticos e votar PS, tal como o PC fez quando teve de votar Soares. Apesar da nota do Dr. Henrique Raposo ser um apontamento a ter em conta, vindo de quem vem, a verdade é que a situação não será tão fácil para o Secretário Geral do Partido Socialista Português. A manutenção do "estado de graça" não lhe pertencerá. Nem a ele, nem ao PS. Corresponderá isso sim à capacidade do PSD encontrar um discurso mais credível e com ele um novo rosto. Este o calcanhar de Sócrates, indissociável da capacidade do seu grupo actuar no seio do PSD, constituindo-lhe o "seguro de vida" política. Caso esse grupo falhe, acabamos todos albaneses e a ter um ministro das Finanças do Bloco de Esquerda. Nada que nos espante...
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Alguns fundadores do PS

Fundadores do Partido Socialista Português
António Macedo, Mário Soares, Tito de Morais, Francisco Ramos da Costa, Francisco Salgado Zenha, José Magalhães Godinho, Gustavo Soromenho, Raúl Rego, Joaquim Catanho de Menezes, Teófilo Carvalho dos Santos, José Ribeiro dos Santos, Vasco da Gama Fernandes, Mário Cal Brandão, Fernando Valle, Álvaro Monteiro, Albano Pina, Maria Emília Tito de Morais, Carlos José Queixinhas, Gil Francisco Ferreira Martins, Áurea Rego, Manuel da Costa Melo, Francisco Tinoco de Faria, Augusto Sá da Costa, Herculano Pires, António Carlos Campos, António Arnaut, Fernando Antunes Costa, Maria de Jesus Barroso, Arnaldo Cândido Veiga Pires, José Neves, Júlio Montalvão Machado, Manuel Belo, Luís Nunes da Ponte, Fernando Loureiro, João Sarmento Pimentel, Francisco Sarmento Pimentel, Pedro Coelho, Armando Nunes Diogo, Artur Cunha Coelho, Alfredo Barroso, Jaime Gama, José Luís Nunes, Rui Mateus, Carlos Candal, Alfredo Carvalho, Fernando Grade Silvestre, Sebastião Dantas Baracho, José Emídio Figueiredo Medeiros, Fernando Raposo, Eduardo Ralha, Carlos Torres d'Assunção, Firmino Silva, Abílio Mendes, Luís Roseira, Manuel Cabanas, Alberto Arons de Carvalho, Joaquim Lourenço Gago, Alfredo Costa Azevedo, Inácio Peres Fernandes, Paulo de Lemos, Adelino Cabral Júnior, Luís Castro Caseiro, Alberto Oliveira e Silva, António Coimbra Martins, Armando Cardoso Meireles, João Manuel Tito de Morais, Vítor Cunha Rego, Manuel Tito de Morais. Rodolfo Crespo, Dino Monteiro, Manuel António Garcia, Carlos Carvalho, Maria Carolina Tito de Morais P. de Oliveira, Augusto Pereira de Oliveira, Beatriz Cal Brandão, Joaquim Rocha e Silva, António Santos Cartaxo Júnior, Jorge Campinos, Armando Soares, Luís Gaspar da Silva, José Tiago de Oliveira, João da Costa Neves, Olindo Figueiredo, Júlio Carrapato, Fernando A. Borges, Mário Mesquita, Nuno Godinho de Matos, José Maria Roque Lino, Dieter Dellinger, Francisco Marcelo Curto, Maria Teresa Cunha Rego, Francisco Seruca Salgado, Mário Sottomayor Cardia, António Reis, Armando Bacelar, Bernardino Carmo Gomes, Liberto Cruz, Manuel Pedroso Marques, Jaime Vilhena de Andrade, José Rabaça, Lafayette Machado, Eduardo Jorge Santiago Campelo, Joaquim António Calheiros da Silveira. António Paulouro, António Neves Gonçalves, Álvaro Guerra, João Gomes, Augusto Duarte Roseira, João Lima, José Leitão, Francisco de Barros Calhapuz, Maia Cadete, Carlos Alberto Novo, António G. Pereira, Lucas do Ó



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2 Comments:

At 5:58 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Era só para informar que o Sr. dr. Fernando A Borges, fundador do PS, faleceu dia 22 de abril de 2008, e foi sepultado dia 23. Paz à sua Alma.

 
At 11:06 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Obrigado..........

Com carinho e amizade
A filha de um grande homem que sempre acreditou no partido

 

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