“Salvatore, stupido! “
... e a associação aleatória de imagens, ALAI, (ou interseccionismo) consiste na representação de uma percepção multíplice, constituída por uma série de estudos baseados na ideia de ser possível criar uma nova realidade visual transmitida por meio de descodificações imagéticas. Desta proposta, resulta a organização de um conjunto de imagens figurativas/reconhecíveis diferentes, cuja correspondência poderá ser nula. Pretende-se, assim, conduzir a atitude do espectador perante o Quadro, estimulando-o a questionar-se sobre o seu significado, tanto mais que, sendo ele figurativo, seria presumível uma assimilação global facilitada. Isso, porém, não acontece, porque o conteúdo comunicacional do Quadro (construído na base desta linguagem de referências visuais simples e de reconhecimento isoladamente imediato) reside no conjunto paradoxal e potencia múltiplas propostas de leitura. Fazer um percurso através de cada imagem no Quadro, extraindo-lhe subjectivamente as probabilidades de significação particular, tornaria evidente que nada está separado do Todo. Neste caso, do Todo e da Parte. Aqui se prefigura uma concepção estética mais exactamente sistémica do que teoricamente rigorosa. Trata-se da tentativa de formular plasticamente uma expressão global de significâncias plurais, através da organização de quadros declaradamente paradoxais, com base em imagens naturalmente difíceis de se fundirem. Pois que se lhes atribua sem preconceitos um sentido evidente de Jogo, tão actual, num puzzle ou xadrez, onde as peças são incongruentes e duvidosas no ajustamento convencional. Há que repensar tudo. Recolocar as coisas em novos sítios, manuseando matérias novas, em territórios do paradoxo, onde seja possível reproduzir um peixe, meio laranja, meio vermelho, todo ele orelhas, mas com um brinco exuberante, sem que ninguém se escandalize, ou se sinta diminuído, porque não entende o Objecto no contexto do Quadro. O processo criativo constitui-se a partir de desenhos como da recolha de fotos em imensos suportes, e demarcando-se os fragmentos que interessariam para provocar determinada sugestão, nalguns casos recorrendo a símbolos convencionais, indiferentemente de ordem sexual ou libidinosa, como elementos simbólicos de carácter explicitamente iniciático, nas fronteiras do esotérico, referenciais do quotidiano com significado tão preciso como o acto de comer, retirando estereótipos de alguns trejeitos.
Etiquetas: Artes
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