Outra vez…
… eu, em bicos dos pés (I). A cultura representa hoje uma actividade económica com importância crescente. Porém, para ser de facto um “factor gerador de riqueza”, precisa ultrapassar imensos problemas de gestão, sendo inevitável a criação de plataformas de cooperação com as empresas, sobretudo as de maior dimensão, tendo em conta as potencialidades que a transversalidade pode representar num quadro de competitividade e inovação, de modo a contribuir significativamente enquanto motor de desenvolvimento. Quando bem geridas, as actividades culturais e artísticas criam um significativo valor acrescentado. Por várias razões objectivas, a cultura tem necessidade de gestores e, como diz o meu amigo José Mateus, com capacidade para a gestão das percepções, ferramentas actuais que não se compadecem com os modos antiquados de gerir dinheiros, na sua maior parte do erário público. Em grande medida, o desafio da "unidade na diversidade", da Cultura Europeia, consiste em engendrar e divulgar ofertas culturais como identidade nacional (ou regional) e, atitude crucial, em articular estratégias de comunicação para aliciar novos públicos, em particular os que se movimentam nos territórios metropolitanos.Esta nova atitude cultural urbana, associada ao novo conceito europeu de Património, implica também considerar o valor da perenidade em plena mundialização, as potencialidades objectivas das organizações de carácter cultural ou para-cultural, as oportunidades dos projectos, a malha de acontecimentos artísticos e culturais, dos agentes, dos protagonistas, mas sobretudo ter a coragem de aceitar que os créditos extraordinários angariados desde há 30 anos, sustentados, aliás, por financiamentos públicos, devem evoluir num sentido mais empreendedor, de algum modo criando novos paradigmas. Aceitando algumas premissas que sustentam a ideia de “mercado”, não pode haver complexos em aferir das performances das estruturas, das engenharias financeiras, das indispensáveis estratégias de marketing, um conjunto de meios especializados que se articulam em torno da missão cultural e que, em última (ou primeira) exigência, devem servir os protagonistas e os actores culturais. Esta nova atitude de gestão deveria surgir sobretudo da parte das “entidades públicas empresarias”, cujo papel e desempenho, enquanto modelo de renovação e proposta (política?), pode ser fulcral para avaliar os aspectos inovadores e positivos das políticas do governo, enquadradas nas políticas europeias, numa única Cultura, em diversidade.
Qualquer empresa com uma visão estratégica coerente e planeada, saberá que carece da cultura para ser mais ambiciosa nos objectivos, precisamente pelo valor acrescentado que o segmento cultural pode representar. Incontornável, pois, é o envolvimento da cultura com o mundo empresarial, o que constituirá uma valorização económica e social que em diferentes formas oferecerá múltiplos renovamentos e, portanto, caminhos novos para explorar. A necessidade ea urgência, note-se, é recíproca.
As artes, a cultura e a criatividade, quando estimuladas por recursos imateriais, podem inesperadamente provocar dinâmicas e suscitar sinergias que revertem em motivos saudáveis de competitividade no mundo dos “negócios” no século XXI. A Europa tem urgência neste entrosamento e consequente actualização de modelos de gestão da cultura e das artes, sem as circunscrever ao denominador de “indústria“, seja cultural ou criativa. Por enquanto a gestão das artes e da cultura é um campo de estudo ao serviço dos investidores e decisores do sector, bem como ao serviço das artes e da cultura.
(continua)
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