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When you lose, don't lose the lesson

sexta-feira, março 28, 2008

Em teoria…


Líder é um dirigente político que pode antecipar o seu tempo e é capaz de pôr em risco a sua liderança por objectivos que não são necessariamente populares, como a guerra contra os nazis ou a moeda única e uma Europa mais forte. Representantes, pelo contrário, conduzem os países por sondagens, não antecipam o seu tempo, governam cada dia como se as eleições fossem para a semana.
Luís Campos e Cunha, in Público
Certamente que ninguém quererá que a crise financeira e bolsista se agrave e nos atire para a estaca zero ou pior. Já temos cá dentro males que cheguem para serem estancados, alguns piores que o subprime algarvio. Porém, será aconselhável aos tesos que nem um carapau, atolados em empréstimos, mas armar ao pingarelho, dando largas à estupidez da inveja e à bronca exuberância, ter em conta o que vão dizendo os tecnocratas e outros especialistas sérios sobre o tsunami que pode rebentar de um momento para o outro. Creio que o governo, com o seu batalhão de economistas e assessores, tem devidamente referenciados os focos mal-intencionados que podem, por razões especulativas globais, decidir alastrar ou decidir retomar a teoria do buraco, do cesto sem fundo.
Por indicação, via link, no post “Seguir o Manual -2”, de João Gonçalves, do Portugal dos Pequeninos, consegui deliciar-me, uma vez mais, com as palavras do Professor Doutor Campos e Cunha, assumidamente académico, distinto membro da Sedes, ex vice-presidente do Banco de Portugal, ex-ministro das Finanças, ilustre professor, que lá vai dizendo coisas que me parecem correctas e, em certo sentido, destemidas, sobretudo aquelas que nos ajudam a compreender o “esforço” que andamos a fazer vai para uns largos anos, o qual, ao que tudo indica, vai continuar sem fim à vista e não serve para coisa alguma. A cenoura chamada Finlândia foi apenas isso, uma cenoura. Burros, broncos e lisos, para não variar. Viciosamente expectantes.
Para facilitar os leitores diagonais, fiz uns sublinhados da entrevista do Professor Doutor ao Diário Económico, que transcrevo:
Há de facto um conjunto de instituições, nomeadamente as agências de ‘rating’, que têm sido questionadas nesta crise, por causa do seu papel na avaliação de risco de vários produtos do sistema financeiro. A crise está a demonstrar que as portas corta-fogo são ineficazes. Houve uma contaminação muito rápida de todo o sistema financeiro, a partir dos Estados Unidos, porque está mais integrado do que poderíamos pensar. Além disso, estamos numa época de grande mobilidade de capitais e da concentração bancária, o que acentuou o ritmo de propagação.
(...)
A teoria económica analisa bem situações próximas do equilíbrio mas tem dificuldades em perceber rupturas. Ou seja, não consegue avaliar os riscos de quedas bolsistas ou problemas no sistema financeiro.
(...)
O público devia entender que, se houver um problema com determinado banco, o Governo tem capacidade para intervir, e desta forma gerar a segurança necessária à confiança.
(...)
Há sinais preocupantes... Os dados da economia real ainda não mostram nada de significativo, mas os indicadores mais prospectivos começam a dar sinais de abrandamento da actividade económica.
(...)
O distribuir de pequenos rebuçados a uma população descontente leva a que todos os outros se revoltem.Há a sensação de viragem na política do Governo sem se perceber qual o novo rumo.
(...)
Sou membro da SEDES e a nossa tomada de posição foi muito clara: os partidos são o pilar da democracia e a qualidade dos partidos está muito aquém daquilo de que o país precisa. É importante uma renovação dos partidos, com pessoas com mais qualidade.
(...)
A situação das ‘offshores’ permitiu, possivelmente, que certos rácios prudenciais não tivessem sido observados, provavelmente permitiu operações que não deveriam ter acontecido.
Entrevista a Luis Campos e Cunha, in Diário Económico
Infelizmente há muitas variantes para o simples cenário atrás descrito de receitas extraordinárias disfarçadas, o que pode dificultar o escrutínio público. E a oposição, nesta como noutras, ficou a ver passar o comboio, quando se discutia a rede rodoviária. Quando se discutir a rede do TGV, vai ficar a ver passar os carros, imagino.
Luis Campos e Cunha, in artigo no website da Sedes
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