Quem nos acode?
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Ao ler algumas notas de um blog que encontrei pela primeira vez, o Tempo de viagem, que já coloquei na lista de links, fixei-me num post/citação do admirável Baptista Bastos. Mesmo incorrendo no excesso, aqui fica, porém, mais uma citação. É que faço questão de registar neste Vida das Coisas escritos com que me identifico e gostaria de ter a competência para os escrever.
As perversões bradam aos céus. Vão-se conhecendo as "reformas obscenas" (expressão de Bagão Félix) atribuídas a "gestores" de instituições públicas; os salários indecorosos; os privilégios e os prémios; as mordomias e as sinecuras. A soma das iniquidades causa ressentimento num país com dois milhões de pobres, elevadas taxas de desemprego, velhos a morrer nos jardins, jovens perplexos com o futuro.
(…)
Mas este é o discurso do poder e os seus ecos mais condenáveis. Perdeu-se o sentido das proporções, e a ética foi torpedeada por uma democracia administrativa que protege e premeia quem a defende e vitupera e persegue quem a critica. Não há grande variação das formas da palavra. Entre os que decidem, os que se submetem e os que reivindicam existe o domínio de classe que tende a confundir a generalidade e o interesse geral.
Baptista-Bastos, “Os génios e os outros”, in Diário de Notícias
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Etiquetas: Baptista Bastos
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