“João Silva está longe de o saber“
Creio que lhe palpita, mas na realidade não sabe. Não sabendo em concreto, mas convicto de que há coisas que o ultrapassam, João Silva acostumou-se à sensação de estar a ser vigiado, adaptou-se à ilusão de liberdade e não reage à possibilidade de ser manipulado. Consciencializou-se da sua impotência e deixou correr a fantasia da liberdade, da democracia, fazendo-se de idiota, para seu descanso, desde os tempos em que teve de resolver por si os equívocos implacáveis das relações humanas. Desenvolveu mecanismos de indiferença, interiorizou hierarquias de coisas essenciais, marcou-lhes os tempos e os limites, determinou rotinas, afivelou máscaras, assumiu papéis e fixou personagens a teatralizar em casa, na família, no emprego, no seu núcleo de relações e na atitude de sociabilidade. Sabe do palco ideal do fingimento onde vigoram os discursos e dramaturgias metódicas, com o intuito de o enganar. Sabe, pois, de que palavras é feito o enredo da mentira, que imita, tantas vezes, em desespero de causa, com o desejo de também ser escutado e bem sucedido. E sabe que não pode deixar de comprar o pão, de ter um tecto, de ter de pagar impostos. De se endividar para ter o que vê nas televisões, o que os outros têm. Sabe-se cercado. Sabe, João Silva, que há férias para gozar, natais para festejar, Páscoas para passear, filhos para educar. Doenças para tratar. Sabe, apesar de não parecer, que há a Europa e países emergentes e há melhor, muito melhor do que este pacote de falta de memória e de culpas que morrem solteiras. Presume, porém, dos culpados do nosso estado desgraçado. Tem fortes suspeitas, mas, na verdade, não sabe como e quem.
João Silva não sabe, por exemplo, do labirinto que nos levou a ganhar a liberdade e a perdê-la de seguida. Dos nomes que protagonizam o fio da memória e se inscrevem nas peças do puzzle das conspirações, dos golpes, das cobardias... E por isso é vigiado. Precisamente para a sua vida caber numa ficha, o que lhe outorga o direito a ter consciência, mas não podendo dizer nada dela. É… “João Silva está longe de o saber“, como escreve Pacheco Pereira no post com o título “Uma vida, uma ficha”.
João... mais longe do que imagina.
Blog Abrupto > Uma vida, uma ficha
João Silva não sabe, por exemplo, do labirinto que nos levou a ganhar a liberdade e a perdê-la de seguida. Dos nomes que protagonizam o fio da memória e se inscrevem nas peças do puzzle das conspirações, dos golpes, das cobardias... E por isso é vigiado. Precisamente para a sua vida caber numa ficha, o que lhe outorga o direito a ter consciência, mas não podendo dizer nada dela. É… “João Silva está longe de o saber“, como escreve Pacheco Pereira no post com o título “Uma vida, uma ficha”.
João... mais longe do que imagina.
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Etiquetas: Abrupto, Bancos de Dados, Poder
3 Comments:
Mas... Já leu o livro de Junho? Não leu? Vai comentar? Quer Chá com Scones?
Só postar! Só postar!Ai!
http://absolutamenteninguem.blogspot
Isto é publicidade gratuita porque se votar na Bruxinha que queria ser selo dos CTT não ganha nada com isso!Mas ela agradece do fundo do caldeirão!
Está em curso uma greve de blogs para hoje. Se desejares participar passa pelo Wehavekaosinthegarden e copia a imagem´. Obrigado
abraço
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