A cada um…
… a sua Índia, em Nós. A arfar de entusiasmo, zarparam os representantes para a Índia, tendo o magnífico objecto de tentar traficar a metafísica como um território passível de introduzir no absurdo, em particular quando se arrisca garantir a intermediação privilegiada com um espaço de 500 milhões de consumidores, repartidos entre África (qual delas?) e América Latina (qual delas?). Mais complexo e mais aliciante é elucidar sobre o Portugal do séc. XXI que, convirá esclarecer, não se confina aos metros quadrados de uns gabinetes sumptuosos, espaços onde se lida com a comercialização entre um porto e outro, desde a origem aos jogos de bolsas, da matéria prima, em particular o petróleo e produtos derivados e outras gratificações afins. Parece-me deslocado, porém, pintar às altas individualidades da Índia um quadro objectivado de Portugal, sendo que nós, aqui plantados, ainda não chegámos a nenhuma conclusão a jusante ou a montante do acanhado, mas positivo, 1.8 de crescimento, situação que não abona ainda a nossa capacidade para abrir portas, ao serviço de terceiros, numa base de cooperação estratégica e de um “fee” indexado ao “fee“ de nomenclaturas estupidamente enriquecidas ou ao estado de mão-de-obra baratíssima (situação pela qual também já passámos neste cantinho luso de perdição e de fortuna ). Reconheçamos, porém, que temos um número razoável de empresas, algumas estratégicas, com escritórios sedeados no triângulo Mercosul ou em várias sub-regiões africanas, o que, teoricamente, poderia ser abonatório, sobretudo para os implantados na Economia espanhola. Mas aceitemos igualmente que esses investimentos longínquos não têm ajudado a recuperar o fundo do cesto ou, encarado de outra maneira, coloca-se com acuidade a hipótese do canalizador ter feito à socapa umas derivações na rede das canalizações, já que a água vai para outros reservatórios, que não estes daqui.
É muito lindo repetirmos o chavão “Janelas de Oportunidade”. É coisa que se diz para abrir portas, assim como que pedra de toque ou senha. Mas com o nosso jeito, ao que podemos calcular, fecha janelas. As da “oportunidade“. Todavia, cai bem nos discursos, soa bem nos salões, mas, na realidade, não diz nada nem provoca alguma coisa. O que conta é conseguirmos que a “deslocalização” pare por aqui, nesta terrinha. Não interessa, creio, andar a armar aos potenciais deslocalizadores… seja de cortiça ou de seringas, para pacoviamente darmos a entender que compreendemos o mundo de hoje. Tanto mais quanto de Índias e respectivas comitivas já as tivemos em devido tempo, por altura do Presidente Mário Soares, com Cavaco em Primeiro-ministro (“coincidências…”?), sem qualquer consequência por falta de vontade em cooperar estratégicamente, atitude que agora temos com fartura.
Enfim.
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