A política sem riscos
Vai para uns quantos anos, penso que na vigência de António Guterres, Mário Soares alertou para a percepção de que o PS se estaria a transformar numa “agência de empregos”. Ficou o aviso e todos fizeram ouvidos moucos. Com mais uns anos em cima é fácil concluir que o Partido Socialista – tal como o PSD – tem essa valência muito acentuada, sendo perceptível que praticamente tudo orbita em torno de enredos de projectos e de negócios, tal como uma malha muito complexa de empregos dependentes do grau de poder do Partido. Ora, neste contexto em que quase todos sabem que, se quiserem, conseguem um emprego ou uma pequena empreitada, conquanto alinhem com a direcção partidária, é perfeitamente natural que os princípios vão à vida e as ideias políticas metidas no congelador à espera de melhores oportunidades. Leonor Coutinho, por exemplo, arreliada com a “mudança de regras a meio do jogo”, revela bem um modo pouco recomendável de estar na política e encarar o discernimento do povo, atitude que fez escola e já está interiorizado por grande parte dos jovens socialistas.
Quando apresentei a minha candidatura disse que era perfeitamente compatível o lugar de deputado com o de candidato autárquico, porque se ganha a eleição, obviamente a lei define que o cargo não é compatível, agora um vereador da oposição não tem emprego na câmara, para se dedicar a essa tarefa tem de ter outro emprego.É isso mesmo:"Escolham!", terá dito Manuel Alegre, pedindo aos visados que façam pedagogia, que dêem o exemplo. O que, estou em crer, é um apelo que de nada servirá, desde que Elisa Ferreira e Ana Gomes mantenham as suas candidaturas às Câmaras Municipais do Porto e de Sintra.
Pois é… é o que temos, meus senhores. E a tendência é piorar. É que, depois da frase de antologia "Quem se mete com o PS, leva!", parece provado outra coisa misteriosa: que não se molha quem anda à chuva com o PS.
DN no Sapo
Etiquetas: Partido Socialista
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