Iniciativas úteis ou golpes de teatro?
Destaco parte da entrevista de Jacques Attali, reconhecido como guru da Europa, antigo presidente do banco Europeu para a Reconstrução e braço direito de Mitterrand... autor de 40 obras, ensaios, romances e monografias.Euronews – Então porque é que há esta timidez das classes políticas dirigentes em afirmar estas verdades?
Jacques Attali – Porque os dirigentes políticos europeus estão encantados a enviar os representantes mais medíocres para Bruxelas. Repito: estão encantados a mandar os mais medíocres para Bruxelas.
Euronews – Porquê?
Jacques Attali – Porque assim mantêm o poder real nos países. À parte Jacques Delors, nunca mais tivemos – desde há 30, 40 anos – um presidente da Comissão que fosse de alto nível. Simplesmente porque cada vez que um país mandou alguém para Bruxelas, toda a gente se assegura de que ele é suficientemente medíocre para não poder fazer sombra a ninguém…e para que a França, a Grã-Bretanha, a Alemanha e a Itália conservem a autonomia e não tenham de enfrentar uma concorrência forte de Bruxelas.
(...)
Toda a história nos ensina que se a Europa não se dota, nos próximos anos, de um verdadeiro governo europeu, toda a construção europeia desaba. Porque o que não avança, recua. E se não somos capazes de ter um ministério das Finanças, uma política orçamental, uma política fiscal comum, uma política social comum, o euro deixa de existir, porque o euro não pode resistir se cada um tiver a sua própria concepção de disciplina orçamental.
Euronews – Então, a União Europeia de amanhã tem de ser integrada politicamente ou deixa de existir…
Jacques Attali – Exactamente. Ou cada um regressa ao proteccionismo, que é de facto uma ameaça a nível mundial. Ou nos dirigimos para algo como um governo mundial, ou vamos ter proteccionismos continentais.
Euronews
Etiquetas: Europa
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