Administrar a Cultura
Desde o tempo em que José Maria Carrilho se mascarou de Jack Lang, praticando com afinco as obrigações de um orientador de políticas culturais e fazedor de instituições, atingindo 1% do orçamento, muita gente eminente clamou pela extinção de grande parte das “gamelas”, acabando com a subsidio dependência. Agora, depois de alguns golpes de rins e alguma patinagem no gelo, novamente bem instalados à boca da manjedoura, com os lugares e as avenças reiteradas, a ideia peregrina de abolir o Ministério da Cultura, derramando-o transversalmente para outros ministérios, esfumou-se como que num golpe de bruxaria. O pessoal da situação - penso em gente que conheço e por isso não generalizo - mudos, trauteiam o Ging all Bells nesta época natalícia, sem que deles venha um sinalinho de pré-reformados da Cultura.
Quando a ministra da Cultura assumiu o papel político de nos governar, orientando a máquina administrativa, caiu-me no goto, não por que lhe tivesse reconhecido qualquer capacidade particular para orientar destinos e vidas (nunca tinha ouvido falar na senhora), mas apenas pelo facto de ser uma eminente personalidade da Fundação Eça de Queiroz, condição que permitia presumir que tivesse lido a obra do nosso querido José Maria, sobretudo o Conde de Abranhos e, sendo membro da confraria, também gostasse do excelente vinho branco de Tormes. Esse enlevo mantém-se. Tanto mais, quanto tem sabido com engenho silenciar os vários ninhos de lacraus - certamente, no intímo, interessada na opção Ota -, razão que nos leva a admirar aqueles que vertem críticas com consistência política. Uso, pois, as palavras de FNV, do Mar Salgado, para expressar o que sinto.
Pois eu gosto muito desta ministra da Cultura. Faz exactamente o que é preciso: nada.Link Mar Salgado
Etiquetas: Estado da Cultura
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