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When you lose, don't lose the lesson

segunda-feira, maio 21, 2007

Empresas e partidos na hora

Qualquer pessoa com o mínimo de juízo terá achado um desvio inqualificável o facto de Berlusconi, proprietário de um império, ter entrado no jogo da política profissional, via uma filial partidária empresarial, a Forza Itália. Também o luterano Gerhard Schröder foi acusado por se ter aproveitado da política para ingressar no quadro da administração da Gasprom, tornando-se empregado de Vladimir Putin. Agora fala-se de Blair. Estes exemplos são modelos acabados das regras que hoje vigoram no mundo da política profissional, novos factores que determinam condutas e que escapam aos diletantes (como eu). Entre nós temos exemplos que corrompem todas as regras e códigos, cobertos de cinismo levado ao excesso e ao extremo, que subvertem a própria acção política. Talvez por isso, o Dr. Almeida Santos tenha afirmado na Quadratura do Círculo, emitida a partir do Casino da Figueira da Foz, vai para uns dois meses, que “hoje não percebe nada de política”. Sem causas nem motivos para convicções (e as que há, depressa foram consideradas fragilidades) a tendência para a facilidade está a disseminar, a passos largos, o vazio de ideias, paradoxalmente indispensável para tornar cada vez mais uniforme o modo de pensar do cidadão comum.
Depois de ter uns anos de incubação no final do século, o individualismo avança, agora sim, em todo o seu fulgor. As pessoas, na qualidade de eleitores/contribuintes/consumidores ficam-se pelo utilitarismo imediato e pela facilidade contingente, avaliado no circulo pessoal restrito, permitindo-lhes a ilusão de terem espaço e cabeça própria. Daqui a poucos anos, quem raciocinar e for capaz de expor o seu pensamento, articulado e inteligível, será considerado um excêntrico talhado para ser enquadrado numa reserva de espécies em vias de extinção. Hoje marcam-se distintamente as fronteiras, que se acentuarão, entre duas populações planetárias divergentes. E voltamos de novo a reler alguns clássicos para entender os poderosos e o que é hoje a segregação social, por muito que mastiguemos os lugares comuns da má consciência sobre a inclusão que falha.
Ao acordar, it stinks.

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