Vida das Coisas

Às vezes questiono-me sobre qual o grau de solidariedade que devo ter para com os membros do executivo e perímetros correspondentes, quando alguns, visivelmente abusando das prerrogativas do poder, se comportam, no dizer e no agir, por bitolas duvidosas, ronçando o inadmissível da perversidade, com uma expressão de estupidez exímia, ao ponto de ficar envergonhado, sentindo necessidade de pedir desculpa, por eles - que não sabem o que fazem - e por nós - que não sabemos o que eles fazem-, visto serem os personagens visíveis da organização partidária a que (por enquanto) pertenço, espaço onde ainda é possível questionar e contraditar - correndo o risco, claro está, de nos lançarem os pitbull às canelas.
Se todos nós, associados e militantes, temos uma obrigação de disciplina partidária, também é verdade que essa coação se mantém enquanto os nossos representantes percorrem o caminho que se comprometeram palmilhar, sentados nas altas cilindradas do poder e voando pelos céus do mundo. Quando os desvios são graves - nas ideias e na praxis política -, o compromisso de disciplina, tácito nuns casos e explícito noutros, desobriga-nos do apoio sem-mais-nem-quê. Ingénuos, por natureza, demonstramos desagrado, desalinhando.
Sentida na pele a exclusão, só nos resta o Betadine para sarar as eficientes dentadas dos pitbull que necessitam mostrar serviço, naturalmente sem discernimento político.