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When you lose, don't lose the lesson

segunda-feira, abril 09, 2007

O gajo é doido!

Não, claro que não. Tontos somos nós que não temos o talento para passar por doidos.
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Repito-me nas leituras de blogs. É para isso que tenho uma coluna de links: para me repetir. Aí arrisco um ícone para destacar os favoritos e para me repetir. Repito-me e “quero cá saber disso“. Se as notas me agradam, não há sobressaltos em repetir autores, mesmo não os conhecendo, mesmo sem saber se são insuportáveis como pessoas. Repito-me, nem que seja todos os dias, se for esse o meu despacho. Repito, sobretudo, os blogues mais soltos, os menos situacionistas, os menos acomodados, que acrescentam o pensamento. Que escrevem bem. Repito amiúde aqueles que nos mandam à merda - eu incluído - com todos as letras e gramáticas, sem meios tons semânticos. E desta, uma vez mais, repito o Portugal dos Pequeninos, enxertando aqui um excerto de um post que reproduz parte de uma entrevista, creio que com uns dois anos, a Luiz Pacheco - sempre o Luiz Pacheco.
«Tenho um subsídio de 120 contos, graças ao Alçada Batista. E também ao Balsemão, que teve a feliz ideia de inventar o decreto do mérito cultural. O Santana despachou um decreto que favorece pessoas que estão na minha situação. Mas não é por isso que gosto do rapaz. O tipo sabe o que é bom. O que é bom para mim são umas garotas, que vêm cá de manhã para me fazerem a higiene. Não é mau.»

E um recorte de Comunidade.
É um bicho poderoso, este, uma massa animal tentacular e voraz, adormecida agora, lançando em redor as suas pernas e braços, como um polvo, digo: um polvo excêntrico, sem cabeça central, sem ordenação certa (natural); um grande corpo disforme, respirando por várias bocas, repousando (abandonado) e dormindo, suspirando, gemendo. Choramingando, às vezes. Não está todo à vista, mas metido nas roupas, ou furando aos bocados fora delas. Parece (acho eu, parece) uma explosão que atingiu um grupo de gente parada e, agora, o que está ali são restos de corpos mutilados : uma pernita de criança, um braço nu sozinho, um punho fechado (um adeus?... uma ameaça?...), um tronco mal coberto por uma camisa branca amarrotada. Ou seria, então, talvez, um desabamento súbito, uma avalanche de neve encardida, que nos cobriu a todos, ao acaso, aos bocados, e para ali ficámos, quietos e palpitando, à espera, quietos e confiantes, dum socorro improvável, cada vez mais (e as horas passam!) improvável, incerto, aguardando a luz da manhã, que chega sempre, que acaba sempre por chegar, para vivos e mortos, calados ou palrantes, ladinos ou soterrados, os que já desistiram da madrugada e os que, ainda, contra qualquer lógica, contra qualquer quantidade de esperança, confiam ainda e esperam
Blog Portugal dos Pequeninos > Luiz Pacheco
Luiz Pacheco no Sapo > Bibliografia

Nota de rodapé: atente-se que tenho vindo a sublinhar notas deste blog a troco de nada, nem sequer uma posição no blogroll, um mísero link, que, em abono da verdade, inserção para a qual me estou a marimbar. Tenha-se também em conta que fazer publicidade, de vez em quando, ao Santana Lopes é praticamente "serviço público".

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1 Comments:

At 1:15 da tarde, Anonymous Anónimo said...

A linkagem nos blogs "VIP" segue a lógica do arriscar no êxito garantido. Dá imenso trabalho encontrar blogs novos com qualidade, fora do status quo "bloguistico" mas, de vez em quando, lá se encontra um como o seu.

 

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