Não Ser
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O fio condutor é, pois, uma enormidade caótica, mas que encerra uma lógica, em grande medida, geométrica e matemática.
Partindo do princípio aceite de que mesmo as coisas em desordem têm uma ligação – caso contrário nem sequer existiam -, relação essa que lhes confere a existência caótica, poderemos, não sem algum receio, extrapolar esta acepção para a organização imagética de um quadro, experimentando partir de um tema, forçando o processo de criação com os estigmas do non-sense, fundindo imagens, ao género de associações esquizofrénicas de pensamento, de maneira absolutamente aleatória e casuística, deixando que o Caos se expresse e formalize qualquer coisa Não Ser no espaço do quadro. Esta criação de objectos de espanto, que confundem as orientações descodificadoras assumidas, funciona como um vírus que se instala numa quadrícula de ideias feitas, de preconceitos, de comportamentos estabilizados, provocando uma certa desorientação face a um objecto composto por coisas concretas, mas que exige uma certa abstracção, para chegar a um ponto de interpretação possível. Chegados a esse ponto, conseguiremos então perceber que o Caos faz parte do nosso imaginário, e que a mente lhe pode atribuir significações harmoniosas, desde que percorra a esquerda e a direita e de cima a baixo, obrigando-nos a sair do nadir confortável em que mentalmente nos encontramos.
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Obrigado pela paciência.
Etiquetas: Artes
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