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When you lose, don't lose the lesson

terça-feira, maio 06, 2008

Urinóis e prioridades políticas



A notícia, que li via link no Contra-capa, já não devia irritar, mas também não nos deve deixar indiferentes. O facto de não haver casas de banho nalguns tribunais - perfeitamente natural, caso estivéssemos ainda no Burundi - é a representação acabada de como temos vindo a ser arquitectados por estranhas políticas, em todos os sectores, no caso, a Justiça. “O ai Jesus” que ecoa nos corredores do poder é expressivo da nossa propensão para o “mais vale parecer…”, instalados na Europa como uns senhores, sítio para onde mandamos aqueles que queremos afastar do negócio da quintinha ou que desejamos aferrolhem uns milhões ao fim dum mandato, para ficarem sossegados - e assim tratarem tranquilamente dos seus negócios (por exemplo dos vinhos), ou dos comércios dos outros privados.
Tribunais sem casa de banho é o resultado do trabalho esforçado da cilada que o cimento, o tijolo, o aço e a banca naturalmente montaram para termos um mapa gananciosamente excedentário em oferta para habitação, de péssima construção e muito lucro, sublinhe-se.
Para a maior parte dos tribunais estarem no estado em que estão, calculo que se mantenha activa uma rede de bandidos infiltrados, instalados no patamar do poder, vai para muitos anos, a fazer tráfico influências e a pressionar… Se assim não fosse, todos os espaços de Justiça provavelmente estariam reabilitados, recuperados, conservados ou renovados. Enfim… as reformas também são o afastamento desta gente e o desmembramento dos negócios de grupo descaradamente estabelecidos no aparelho do Estado e afins.
Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério de Justiça adiantou que está previsto para 2008 um investimento de mais de 13 milhões de euros na construção e requalificação dos tribunais portugueses, nomeadamente em novas salas de audiências, remodelação de instalações, reparações interiores e exteriores, pinturas, instalação de ar condicionado, criação de acessibilidades, entre outras. Não precisou, contudo, a lista dos edifícios a intervencionar.
Vá lá, passados uns vinte anos começa a despontar consciência, aqui e acolá, de que isto de não haver sítio apresentável para urinar pode tornar-se numa insustentável imundície, caso se resolvam as listas de espera.
Convenientes estes bem intencionados 13 milhões de euros.

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