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When you lose, don't lose the lesson

terça-feira, janeiro 29, 2008

E a Ética Republicana…?


É certo e sabido que sempre que algum alto responsável político levanta a voz pela transparência, pela qualidade da democracia, pela ética republicana, pela moralização da vida pública, pelo combate à corrupção, levanta-se um coro de satisfação, mesmo que cínica. O discurso de Cavaco Silva teve esse mérito, mas não deve fazer esquecer as enormes resistências que teimam sempre em adaptar-se a novas circunstâncias.
António José Teixeira, in Diário de Notícias
Ultimamente a temática da Corrupção voltou a perturbar o ecossistema político. É cíclico e, convenhamos, fica sempre tudo na mesma, instrutivamente enfatizando o princípio de que “o crime compensa“, que “a culpa morre sempre solteira“ e que a impunidade prevalece, vai para aí uns vinte e tal anos - talvez desde que um italiano, sentindo-se enganado pelos traficantes de influências, se exaltou e afirmou ter largado uns trocos para gente ligada ao Complexo de Sines, quem sabe a primeira vez que se falou de luvas em Portugal depois do 25 de Abril de 1974.
Sabendo de antemão que tudo o que for dito cairá em saco roto, porém é sempre simpático dar eco aos entusiasmos, sobretudo quando estes são de gente esclarecida, que consideramos, sem esquecer, contudo, a advertência de Cluny, de que por enquanto a insinuação é "abstracta". Para certificar o pretexto de algumas exaltações em torno e sobre a Corrupção, convirá espreitar o site da Transparency International, já que internamente a Alta Autoridade Contra a Corrupção, um organismo de boas intenções com gente altamente qualificada, criado em 1983, em pleno cavaquismo, que pretendia, em certa medida, a moralização e transparência dos actos da Administração Pública e dos seus agentes, bem como dos titulares dos órgãos de soberania, foi oportunamente extinta (“PSD e PS nem pestanejaram. Extinguiu-se“).
Nem sempre as próprias instituições do Estado assumem, face aos casos concretos onde aparece indiciada a prática de actos de corrupção, a postura e a determinação esperáveis, assim se alargando afinal a malha por onde, com habilidade e com os meios de que facilmente podem dispor os intervenientes, se escoam tais casos, gerando também crescente sentimento de impunidade.
Costa Brás
O que se pede insistentemente aos profissionais da política é que pensem eticamente, que exercitem a consciência e sejam transparentes nos seus actos. Que separem o público do privado, em particular quando se trata de dinheiros. Que tenham pudor e que não se comportem como delinquentes. Se uns, talvez com prejuízo pessoal, adoptam uma atitude ética, outros, uma minora que corrompe o universo político, não se preocupa minimamente com questões de ordem moral, soterrou a incómoda consciência, e com sobranceria faz gala da absoluta falta de vergonha. A parte que irrita nesta população de espertalhões, alguns considerados gente de sucesso, que se aproveitam da complacência do povo, é que ainda por cima estão convencidos que o próximo, o outro mais esclarecido, também é totalmente imbecilizado, rindo-se na sua cara, ora nas televisões, ora nos jornais ou até mesmo nos contactos pessoais. Enquanto assim for, não há crime que se lhes possa apontar. É que, na realidade, todos somos espertos, mas há alguns que se julgam mais espertos do que os outros, sabendo perfeitamente que são vistos a meter o dedo no chantilly do bolo, mas que ninguém abrirá a boca, por medo.
E como me agrada-me a escrita destemida que saboreio no Sobre o tempo que passa, recomendo, por isso, a leitura paciente dos vários posts de José Adelino Maltez sobre a temática em causa. Fica o link do post âncora.

seta link Link Sobre o tempo que passa
seta link Link Diário de Notícias Online
seta link Link Transparency International


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