O Pai morreu de parto…
Misha Gordin. Fotografia Conceptual. The New Crowd
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Espanto: Fita-se no espelho baço da memória e aquele rosto de amante, onde os olhos são seus e a boca é dela, tem um nome que não desvenda. O murmúrio do mar diz-lhe que há palavras a calar. As nuvens não podem imaginar que o reflexo na fenda do ventre é a janela aberta que não cicatriza, uma alma dispersa, um útero que não se fecha, uma dor esculpida nos túmulos do Tempo, registada nos sarcófagos dos Homens, sinais de pentagrama, em cada nádir, em cada cruz levantada nos lugares estéreis deste planeta onde há rosas. Dói-lhe uma certa decadência, um interregno, uma espera grotesca pela nave, qual viajante extraterrestre de dedo erguido ao vento, na ânsia do sopro fantástico de uma tempestade num copo de água. E pesa-lhe uma soberania de Anjo a enrolar para dentro das entranhas que carrega.
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Etiquetas: Ideias
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